Os cães são treinados desde filhotes para o cargo e são considerados oficiais da PM. Cada animal possui um condutor, um militar que se torna o companheiro do cachorro.
Um dos oficiais mais comovidos na cerimônia era o condutor do cachorro Lyon, o sargento Wellys Lucindo. Ele não conteve as lágrimas na hora da despedida. “É a mesma coisa que perder um familiar. Sabemos que eles são treinados para isso, que são como kamikazes, mas não estamos preparados para perdê-los”. Durante a cerimônia, Wellys relembrou com os companheiros o ótimo desempenho do cão em várias operações.
O subtenente Edmar Geraldo dos Santos explicou que eles precisam ser homenageados já que morreram no lugar dos policiais. “Todo o treinamento do cão é para preservar a vida do policial e do bandido. Os animais são treinados para atingir pontos não vitais. Eles apenas imobilizam um suspeito até que um policial possa efetuar a prisão”, disse.
Esta foi a primeira vez que a PM de Minas Gerais realizou uma cremação de cachorros. Antes, os animais eram enterrados em cemitérios. De acordo com o subtenente Edmar, o objetivo é a criação de uma galeria de heróis. “Todo cão que morrer no embate será cremado e as cinzas serão guardadas em um mesmo local”, afirmou.
As cinzas dos cachorros foram levadas para o canil onde eles moravam. Depois da cerimônia, os policias seguiram para a Companhia de Missões Especiais para uma solenidade em homenagem aos cães.
Caso
Os dois animais foram mortos nesta terça-feira (17) durante uma perseguição a quatro homens suspeitos de manter uma família refém em Sete Lagoas.
Na operação, a Polícia Militar mobilizou helicópteros, cães farejadores e cerca de 150 policiais do 40º Batalhão da PM, do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Companhia de Missões Especiais e do Corpo de bombeiros.
A ação foi concluída com a prisão de dois dos quatro assaltantes e com a recuperação de um carro Tucson roubado da família. Os bandidos foram presos em um sítio no bairro Belvedere, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte.
Na manhã de terça-feira, dois dos criminosos invadiram a casa do consultor ambiental Arlan Cláudio Moreira, 44, morador da rua Julita Avelar Lanza, no bairro São Geraldo, em Sete Lagoas. Ele voltava da padaria quando encontrou a mulher e o filho de 5 anos rendidos. Após imobilizarem as vítimas os bandidos chamaram os outros dois comparsas. No assalto levaram televisões, computadores, joias, cheques, o veículo da família (Tucson) e todas as roupas da criança. Um dos assaltantes disse ser pai de um menino da mesma idade.
Após o roubo a quadrilha se dividiu. Enquanto dois bandidos fugiram em sentido não identificado com a maioria dos bens roubados, outros dois seguiram pela BR-040 rumo a Belo Horizonte, mas ficaram presos em um engarrafamento na altura do bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde moradores da região faziam um protesto pela colocação de passarelas. Ao tentarem retornar pelo canteiro central, chamaram a atenção dos militares que acompanhavam a manifestação e foram perseguidos.
Tiroteio. Os criminosos seguiram até um sítio, em Ribeirão das Neves, onde houve troca de tiros com a polícia, que já havia enviado reforços.
A polícia conseguiu prender Sílvio Henrique Coelho e Washington Luís dos Reis Souza. Sílvio Coelho foi o responsável pela morte dos cães farejadores da PM, Lyon e Dox. Com a dupla, foram apreendidos duas pistolas 9mm, modelo usado pelas Forças Armadas.
Até a publicação desta reportagem os outros dois envolvidos não haviam sido localizados.
Dezenas de policiais participaram do cerco ao sítio em Ribeirão das Neves; no centro, o Tucson roubado em Sete Lagoas -
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